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ARTIGO __ SIMPLICIDADE E SINAIS DE VIDA NA CAMINHADA- Por Renato Ribeiro Costa _____ A simplicidade é coisa que precisa ser resgatada ou reforçada em nosso meio. Prestar atenção nas pequenas coisas e nos detalhes da vida é algo importante que precisa ser experimentado pelas pessoas. Em tempos de luta contra a legalização do aborto em nossa sociedade brasileira, assistimos, de um lado, as várias tentativas de um sistema político para fazer valer os interesses comerciais e outros que não me proponho a discutir no momento. Por outro lado presenciamos grupos de pessoas que propõem a defesa da vida acima de tudo. O interessante nas lutas dos movimentos contra a legalização do aborto é exatamente isso: a vida em primeiro lugar. A caminhada contra a legalização do aborto e em defesa da vida, realizada no mês de junho de 2007 e organizada pela Paróquia São Pedro de Guarapari, teve disso: defender a vida com a simplicidade que a própria vida nos ensina. Mas o que é essa “simplicidade”? A vida tem nos mostrado que lutar por ela é simplesmente um sinal de amor e justiça, pois defender a vida acima de tudo é defendê-la em sua totalidade. O fato é que nós, pessoas humanas, temos a mania de complicar as coisas, justificando a tudo por causa de interesses que não condizem com o projeto de Deus – um projeto de vida, e vida em abundância. Enquanto a caminhada acontecia pelas ruas da cidade de Guarapari alguns sinais de vida se apresentavam de maneira simples, mas de profunda grandeza. Podemos citar alguns exemplos. Algumas pessoas de idade já avançada caminhavam com certa dificuldade, mas caminharam porque acreditam na vida como um dom de Deus, aquele que faz nascer o sol para todos: os que deixam a vida viver e os que tentam tirar a vida da vida, mesmo que em formação. O interessante é que presenciei uma senhora que caminhava com dificuldade, mas constantemente alguém se preocupava, verificando se ela ainda conseguia caminhar sozinha. A senhora não hesitou, continuou firme até o final da caminhada e, em alguns momentos, ajudava a carregar alguma faixa como forma de mostrar um real compromisso com a luta e com a vida. Isso é caminhar junto. É sinal de que a vida deve ser respeitada em qualquer circunstância. Outro exemplo que permitiu expressar vida na caminhada foi o fato de uma mulher que passeava de bicicleta ter caído com uma criança em plena avenida, após perder o equilíbrio. Tão logo algumas pessoas que participavam da caminhada correram para ajudar àquelas que tinham caído. Enquanto umas verificavam se a criança havia se machucado, pois era tão pequena e ainda não sabia se proteger, outras pessoas ajudavam à mulher a se levantar, pois até mesmo os que sabem se proteger se desequilibram e caem. Teve gente que se preocupou também com o estrago causado na bicicleta, pois era um bem precioso e útil para aquela mulher. Defender e valorizar a vida é isso: ajudar o próximo a se levantar e alertar a ele que a qualquer momento poderá surgir algum veículo e causar estragos maiores nas estradas da vida. Isso é sinal de que os grandes e os pequenos têm vez no mundo e que caminhar é um direito de todos, mas que faz parte também da vida de uma pessoa ter suas necessidades atendidas, de forma que seus bens possam ser realmente frutos de seu trabalho com a mesma dignidade que toda pessoa humana merece. Objetivando mostrar diversas formas de se valorizar, respeitar e amar a vida os organizadores dinamizaram o movimento convidando algumas pessoas que deram testemunhos variados. Entregar a própria vida nas mãos de Deus, aquele que é dono dessa dádiva, ao saber que poderia morrer no momento de realizar um parto de risco, é a história comovente de uma mulher que, além de acreditar nesse mesmo Deus, já amava seu filho antes de vir ao mundo. Acreditar que seria possível ter uma filha para amar do jeito que ela nascesse, apesar de saber que era uma gravidez de risco e que sua filha poderia nascer com alguma “má formação”, isto se não morresse, foi a extraordinária experiência vivida por uma mulher que tivera uma filha aos cinco meses de gravidez, após tê-la entregue a Deus dizendo que era para ser feita a Sua vontade, mas que se a criança nascesse e vivesse seria testemunha de um milagre. O interessante é que a moça filha deste “milagre” se fez presente na caminhada. Isso é sinal de testemunhar a vida a partir da própria experiência de fé, amor e justiça, pois permitir uma nova vida nascer é ser justo, mesmo tendo a consciência da própria morte. É como a semente que precisa morrer para germinar o fruto. Vários outros exemplos poderiam ser citados. Afinal de contas tantos foram os sinais de vida que surgiram nessa caminhada que, com certeza, se foram notados por alguém, deixaram alguma mensagem interessante e libertadora. Os sinais de vida anunciam vida em meio aos dissabores de nossas caminhadas e denunciam alguma coisa que nos impossibilita de praticar a justiça e nos impede de enxergar a simplicidade e a beleza dos pequenos detalhes narrados pela vida. Aliás, a vida se movimenta de forma dinâmica. Prova disso é que, enquanto a caminhada acontecia, a notícia do nascimento do sobrinho de uma colaboradora da Paróquia se espalhou como a boa nova da vida.
Renato Ribeiro Costa