Entrevistador: Padre René Laurentin Entrevistado: Maria Aparecida Martins d´Ávila - “Cidinha”
Intérprete: Aída Maria Veloso Pinheiro
Data: 21/05/09
Local: Residência da Cidinha – Vitória - Espírito Santo


PADRE RENÉ LAURENTIN: Desde a idade de seis anos você tem contato com a Virgem. O quê que você viu o que você sentiu e o quê que trouxe esse contato com a Virgem na idade de seis anos? Eu quero o objetivo.

CIDINHA: Eu tive uma infância muito simples, muito humilde e de repente, um dia a noite, com minha avó eu vi Maria. Primeiro Jesus, depois ele chama alguém e veio Maria. Bem, o céu aproximou muito. Eu não entendi o que eles queriam, porque falavam muito entre eles. Eu não entendi nada. Prevaleceu por alguns segundos e depois desapareceu. Ai naquela primeira semana eu fiquei sem entender. Eu não sabia o que que acontecia. E ai começou assim a ver muitas coisas, as estrelas mais perto, as estrelas pareciam que dançavam e a minha família achava que eu tava doente e precisava de médico e Maria pediu que eu silenciasse que ela iria me conduzir daquela data em diante. Ai silenciei depois de uns quinze dias. E ai continuou, mas eu nunca sabia o que eles queriam. Eu tentava seguir o exemplo de Maria, porque ela sempre mostrava fazendo as coisas, assim... Aquela mãe, aquela dona de casa. Eu acompanhava o ritmo dela. Gostava de arrumar as casas daquelas pessoas que não tinham nem o que comer. Ia buscar lenha na mata, ia buscar água no poço, na mina, que era tempo de seca, eu via aquelas casas desarrumadas e Maria aproximava delas e arrumava assim do jeitinho dela e ai eu aprendi aquele ritmo dela e quis seguir e foi bom demais.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Será que você pode descrever a Virgem como você a viu, há seis anos e se ela ainda tem as mesmas semelhanças até hoje, quando você a viu até seis anos?

CIDINHA Sim. Maria nunca mudou os trajes dela, sempre aquela roupinha de sempre, daquelas veste de Nazaré muito simples sempre, nunca mudou as vestes. Às vezes, quando ela vem com uma idade mais velha aí eu fico assustada e ela começa a sorrir, mas ela sempre o mesmo jeitinho de sempre, eu falo ela não envelhece e não muda. É sempre a mesma coisa, Maria de Nazaré.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Quando você a viu com seis anos, você a viu uma só vez, ou esta aparição de seis anos repetiu por um tempo, ou mais algumas vezes?

CIDINHA Não! Essa de seis anos foi uma única, a maneira que eles vieram foi uma única vez, desse jeito. Depois ai continuou uma coisa normal, humana, assim normal, pra mim.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Depois disto, em qual data você teve um novo contato com Nossa Senhora?

CIDINHA Olha, passou um período assim de umas duas semanas ai ela começou a vir. Ai eu não lembro da data com precisão, não lembro de nada. Eu só lembro que todo dia era um novo dia e ela sempre tava vindo.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Você a vê todos os dias, todos os dias toda semana?

CIDINHA Sim. Antes de começarmos aqui ela já apresentou e desapareceu.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Então estes contatos parecem muito naturais, porque são todos os dias?

CIDINHA Naturais. São não como eu quero. Quando eu quero ela não vem, mas quando eu menos espero ela vem.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Ela aparece somente, ou ela fala com você todos os dias?

CIDINHA Não, ela sempre aparece, não quando ela quer falar, ela fala muito pouco, mas ela põe assim na minha mente, sabe? E vem pra minha mente e sai do meu ser.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Então você foi educada e formada por Nossa Senhora depois da idade de seis anos? ...

CIDINHA Sim.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Sim? O quê que trouxe para você a presença e a formação da Virgem. O quê que te acrescentou isto?

CIDINHA Uma sede muito grande se servir melhor, de acompanhar a simplicidade e o silêncio de Maria. E fazer tudo, fazer tudo pelo próximo.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Nossa Senhora te recomenda o que você tem que fazer, ou ela deixa você decidir que tipo de caridade você quer fazer?

CIDINHA Ela mostra a necessidade do irmão e me deixa bem à vontade e quando eu faço sempre sorri, ou ela surge numa outra oportunidade e aquele gesto dela é como assim feliz, feliz por ter feito.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Precise que tipo de caridade que você faz? Cura de doentes e... Que tipo de caridade bem objetivo que você faz.

CIDINHA Tudo porque se Maria vê uma pessoa. Às vezes esta assim uma multidão ela aponta, aproxima e aponta e faz assim com a pessoa.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Você visita os doentes? A virgem te pede para você visitar os doentes e qual é o outro tipo de pedido que a Virgem te faz?

CIDINHA Não, eu sei. Senhora? (aqui ela nos explicou, depois, que Nossa Senhora estava falando com ela) É, às vezes a pessoa está doente e às vezes ela está doente com a matéria e precisa de médico, ai eu visito e não falo que Maria está falando, que Maria ta junto, nunca falo, nunca falo, nunca comprometo Maria. Ai eu ajudo nos meus limites. Às vezes a pessoa ta precisando de um alimente, ou outro remédio. Às vezes ele ta precisando de ser ouvido, de conforto, às vezes, principalmente as mulheres, ta precisando de chacoalhão. Então Maria vai orientando e eu vou fazendo. Ai é tudo!

PADRE RENÉ LAURENTIN: Tem algumas vezes alguém que sara e você consegue sarar com a sua ajuda, com ajuda de Nossa Senhora?

CIDINHA Sim. Maria deixa sempre claro. Se o filho, ou a filha tiver com o coração aberto para o arrependimento das falhas, dos erros das coisas erradas então ela vem, ela ajuda plenamente. É ela e o Filho, eu não envolvo em nada. Quando o irmão, o filho dela, de Maria aproxima e ta com o coração aberto para perdoar, pra mudar de vida, se é que fez algo errado, pra transformação dele, então Maria está com as mãos cheias de benção para dar, para curar, pra fazer tudo para aquele filho. Então eu não envolvo, só fico vendo a graça acontecer e realmente quando o filho está com o coração aberto, acontece tudo, Maria faz tudo.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Ah!...

CIDINHA Maria ta vindo dela... Quando ela, quando ela. Ai ta!... (neste momento observa-se que Nossa Senhora está falando com ela), Ela mostra o filho porque ele ta, é porque ele está sofrido precisando de ajuda, ai eu aproximo e falo: você ta precisando de ajuda? Então ta assim, ele não sabe se está na casa dela, ou se seja na rua, onde quer que seja. Sim acontece tudo natural. E ai ele vai: quando ele fala que precisa de ajuda, aí eu falo: olha você quer falar? Eu gosto de ouvir!... Põe tudo pra fora, se é que você vai tudo te fazer bem. Aí ele fala. Às vezes se é uma mulher ou é homem ele tem alguma coisa que ele próprio prejudica a ele, a ela própria.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Quando a pessoa está em pecado a Nossa Senhora chora?

CIDINHA Chora porque não pode ajudar. Quando ela não pode ajudar.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Sim! Quando ela não pode ajudar.

CIDINHA O céu pode tudo, mas o Filho quer continuar no pecado, então não tem como ela ajudar. E eu aprendi com ela e quando eles vão insistir comigo: não! Reza pra mim! Você pode pedir! Eu falo assim: Não, você não se reconciliou com ela!

PADRE RENÉ LAURENTIN: Como foi a fundação do Santuário de Maria das Lágrimas? Foi quando você tinha seis anos?...

CIDINHA Não. Foi agora ela falou um dia que a gente iria trabalhar pro mundo.eu não sabia o que podia ser. Eu acredito que o trabalho seja este, que é um trabalho mais demorado que a gente ta juntas e já passa de quinze anos e foi acontecendo, ela começou a escrever nas folhas, tudo que ela precisa ela escreve.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Foi neste momento que foi fundado o Santuário?

CIDINHA Foi.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Perdão! Em que ano mais ou menos foi fundado o Santuário?

CIDINHA Foi em 95, eu aproximei, daí oito meses a um ano. 96 começou as formiguinhas a bordar.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Depois desse tempo você vai lá todo dia?

CIDINHA Tinha dias que eu não ia. Aí ela escreveu que precisam de mim lá para ajudar os homens doentes.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Doente de doença material, doença física, ou doentes de pecado?

CIDINHA Eu ainda não sei porque fui obediente e vou lá todos os dias e ajudo eles, mas eu não sei!

PADRE RENÉ LAURENTIN: Vai muita gente no Santuário todos os dias?

CIDINHA Sim. Um dia vai muito, outro vai menos. Mais, muito, com freqüência, muito.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Elas vêm sempre no sábado e no domingo, principalmente no sábado e no domingo?

CIDINHA Não. É durante a semana, porque como nós temos nossas casas, nossos maridos e filhos, as voluntárias sozinha eu não posso abrir a casa, então eu dependo delas. Então um domingo abre, outro não. Aí enche. Este domingo passado teve três ônibus e uma Topic. Mais ou menos 150 pessoas, só na parte da manhã.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Tem mais gente nos dias das festas de Nossa Senhora ou é normal?

CIDINHA É.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Tem conversões?

CIDINHA Muita.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Tem reconciliação de marido e mulher?

CIDINHA Matrimônio? Tem muita.

PADRE RENÉ LAURENTIN: Tem curas?

CIDINHA Tem muitas, também, tem muitas curas. Amanhã ta agendado, para ele, na parte da manhã o que ele der para atender, com os laudos antes e depois de curas impossíveis.

AÍDA: Ele quer ir lá!...

CIDINHA Muito câncer curado. E tem muitas curas de criança no ventre. A criança não vai nascer, o médico tem que tirar, porque não tem vida, aí eu converso com a criança e ela normaliza a vida dela.

(Uma breve discussão.)

Vai ta muita criança amanhã lá assim com um aninho, dois aninhos, três aninhos...

PADRE RENÉ LAURENTIN: As mamães quiseram que eles nascessem?

CIDINHA Nasceram bem tinha um que não tinha cérebro, não tinha coração e não tinha os rins. Nasceu e ta lá. Inteligente!...

PADRE RENÉ LAURENTIN: Qual idade?

CIDINHA 1 ano e 8 meses.

AÍDA: Ele quer ver os certificados, os laudos.

CIDINHA Tem tudo.

AÍDA: A menina que perdeu o filho está aí. Ele quer a tradução do caso do filho.

FIM DA PRIMEIRA PARTE DA ENTREVISTA

 

DURANTE O ALMOÇO DO DIA 21/05/09, PADRE RENÉ LAURENTIN FALA SOBRE NOSSA SENHORA:

AÍDA: Ele tava na Sinagoga, ai Jesus virou e falou pra ela: Meu Filho onde você tava? Jesus virou e falou assim: estava cuidando das coisas do meu Pai. Ai Jesus virou pra ela, que Nossa Senhora não compreendeu aquilo, naquele momento. Quando Lucas escreveu 30 anos depois é que ela foi compreender. E que São José morreu sem compreender.


Depoimento de Cidinha

Entrevista de Cidinha pelo Padre René Laurentin - 1ª Parte

Entrevista de Cidinha pelo Padre René Laurentin - 2ª Parte

Entrevista de Cidinha pelo Padre René Laurentin - Última Parte

Entrevista de Joceli pelo Padre René Laurentin